Novas imagens obtidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) podem esclarecer o que aconteceu com Amarildo de Souza, o ajudante de pedreiro que sumiu há 2 anos na comunidade da Rocinha, na capital fluminense.
Exibidas hoje pelo Jornal Nacional, as imagens de uma câmera de segurança mostram viaturas do Bope, o Batalhão de Operações Especiais, circulando pela comunidade, sendo que em uma delas é possível identificar um volume similar ao de um corpo.
No vídeo, gravado no dia 14 de julho de 2013, é possível ver 6 caminhonetes do Bope andando pela comunidade à noite, após às 23 horas, 5 horas depois de o ajudante de pedreiro ser levado para a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha.
Após peritos usarem programas de computador para analisar o vídeo, foi possível identificar um volume no chão da carroceria do último dos carros, na qual também estavam 4 policiais.
A promotora Carmem Eliza Bastos de Carvalho afirmou ao Jornal Nacional que "esse volume é compatível com um cadáver", apesar de reiterar que é apenas uma possibilidade que deve ser investigada. Ainda de acordo com a promotora, o corpo teria sido colocado em uma capa de moto e enrolado com fita isolante.
O GPS do carro que levava o volume suspeito foi desligado durante 58 minutos, em um trajeto de 550 metros entre a saída da UPP e uma rua da Rocinha.
Depois, as imagens mostram os policiais descendo da caminhonete, que vai embora logo em seguida.
O caso Amarildo
A primeira investigação feita pelo MP-RJ concluiu que Amarildo foi torturado por duas horas dentro da UPP da Rocinha com choques elétricos, espancamento e simulação de afogamento.
Ele foi levado para a Unidade para interrogatório sobre suposto envolvimento com traficantes.
O então comandante da UPP, Major Edson Santos, e mais 25 policiais militares foram denunciados pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha.
Apesar das diversas buscas da Polícia Civil na região, o corpo de Amarildo de Souza nunca foi encontrado.
Como forma de reparação à família, a Justiça determinou que o Estado pagasse uma pensão mensal de 1 salário-mínimo e tratamento psicológico à mulher, aos seis filhos e três parentes do ajudante de pedreiro.
O caso provocou uma série de protestos contra a impunidade e a violência policial.
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