A indecorosa pressão do governo sobre o Tribunal de Contas da União (TCU) pela aprovação das contas de Dilma Rousseff levou o colegiado do órgão a validar uma novidade que colocará a presidente nas cordas durante pelo menos 30 dias. A corte deu à presidente o prazo de um mês para tentar justificar o injustificável. O TCU quer saber por que o governo gastou mais do que arrecadou, autorizou novas despesas em vez de cortar quando estava no vermelho e, mesmo alterando a meta de superávit, terminou o ano de 2014 com saldo deficitário. Pela primeira vez, um chefe do Estado brasileiro terá que apresentar uma defesa individual ao Tribunal. O prazo e a oportunidade de ampla defesa, porém, não são boas notícias para o Planalto. Pelo menos dois itens apontados como irregulares pelo TCU, no escopo das manobras financeiras conhecidas como “pedaladas”, são de atribuição exclusiva da presidente. Se as explicações de Dilma não convencerem, a rejeição das contas pode dar à oposição um sólido argumento para pedir o impeachment da presidente, sob a alegação de que ela cometeu crime de responsabilidade. De qualquer forma, o debate sobre o impedimento está reaberto no meio político, independentemente do desfecho do processo no TCU. “Do ponto de vista jurídico, vai ser a faísca que faltava”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
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